sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A única certeza


Venho hoje enterrar aqui o que eu já devia ter enterrado há muito tempo. Claro, já estava morto! Eu enterro aqui a ilusão de um romance conturbado, avassalador, difícil e apaixonante. A ilusão de ter imaginado que podia dar certo algo tão cheio de complicação logo de início. Contaminado com o azar do destino e afetado pelo cansaço de remar contra a maré dos afetos - e os ventos, sempre desfavoráveis. Com um peso gigante eu digo que nem lágrimas rolam, porque este fim já era esperado. Rezo enquanto enterro algo que me moveu durante um tempo, mas que agora só estava me sugando. A sensação é como a de um luto que já havia sido ensaiado, meses antes. Sem cortejo e nem convidados, apenas eu como espectadora daquilo que sonhei, planejei, imaginei, vivi e contra a minha vontade deixei morrer. Está chovendo, e eu sinto as gotas escorrerem pelo meu rosto. A água me trás alívio! É como se estivessem limpando, levando com elas todas as lembranças ruins. Levando tudo o que estava me fazendo mal. A chuva está deixando comigo só as lembranças boas desse romance. Era uma desgastada paixão - com momentos felizes - em estado terminal. Terminou.
Uma morte, ao lado de outra nova vida? Talvez.
A medida que a chuva vai passando, o tempo se abre e trás consigo uma única certeza: o sol nasce novamente pra tornar ainda mais belo o dia que está apenas começando!
[ m.h.]

Nenhum comentário:

Postar um comentário